quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Biutiful (Espanha/México 2010)


Javier Bardem está soberbo, como sempre esteve. Assim como em Segunda-feira ao Sol, provou que consegue se doar de forma tão visceral aos seus personagens que dá, ele, tom ao filme. Tanto que o diretor Iñarritu disse que, mesmo sem ter escrito uma linha do texto, Bardem é coautor do personagem. E sua doação suplanta as falas, pois tem um olhar e um gestual que preenchem a tela de uma veracidade por vezes desconcertante, como na cena em que aparece vestindo fraldas geriátricas.

O personagem sustenta o filme, mas, a meu ver, e ao contrário do quem venho lendo por aí, o filme, por sua vez, dá o suporte que o ator/personagem precisa para ser convincente. Assim como na vida, Biutiful traz tudo ao mesmo tempo de forma incessante e sufocante, mas com a percepção de quem extrai mais da vida do que o simples dia-após-dia aparentemente medíocre que nos cerca à tona. Baixemos um pouco mais ao fundo, percebamos nossa volta e nos depararemos com o que Iñarritu nos propõe na tela: a vida dura, má, feia, porém com resquícios aqui e ali de uma doçura que nos mantém a esperança de um porvir com - quem sabe – um pouco mais de alento.

Ficha técnica
Biutiful
Origem: Espanha
Ano de produção: 2010
Duração: 147 minutos
Direção: Alejandro González Iñarritu
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Guillermo Estrella, Hanaa Bouchaib, Cheng Tai Shen, Luo Jin