Storytelling
Fundação Dorina Nowill para Cegos
Fundação Dorina Nowill para Cegos
História de Pietro
Storytelling
Pietro
À primeira vista, Pietro é um menino tímido e
quietinho. Mas bastam algumas cócegas para que ele abra um largo sorriso, solte
gargalhadas e comece a contar estórias fantasiosas de seus personagens infantis.
E foi assim durante todo o tempo em que conversamos
com Fabiano, o pai de Pietro, que mesmo sem conseguir colorir com elementos tão
lúdicos e alegres a história do filho, contou como, apesar de tudo, ambos conseguem
hoje ser tão felizes juntos.
Pietro nasceu de oito meses, após algumas complicações
de última hora na gravidez da mãe. Antes de sair do hospital, o bebê foi
submetido a todos os exames, incluindo o de fundo de olho. Como tudo estava
normal, mãe e filho foram liberados pela médica.
Aos três meses de idade, Pietro foi com a mãe a uma
consulta de rotina no posto de saúde. Lá, a pediatra percebeu que o bebê não
estava acompanhando os estímulos do exame óptico feito para avaliar a reflexão
da luz na retina. A médica, então, encaminhou Pietro para a realização de
exames mais complexos no Hospital São Paulo. "Os olhos dele ficavam sempre
muito fechados", conta Fabiano. "Isso começou a nos preocupar
demais."
No hospital, a oftalmologista não conseguiu fazer uma
avaliação exata, pois, segundo o pai, havia
muito sangue dentro dos olhinhos de Pietro. De lá para cá, todos os exames aos
quais o menino foi submetido foram inconclusivos. "Até hoje ninguém me deu
uma resposta sobre o que cegou meu filho", lamenta o pai.
Nem bem Fabiano começava a se acostumar à dura
realidade, pai e filho sofrem mais um duro golpe. "Eu levava o Pietro de
manhã para a creche e a mãe o buscava no final do dia. No início da noite, uma
amiga me ligou, dizendo que a mãe dele havia deixado o Pietro com ela e
desapareceu. Sumiu e me deixou sozinho
com o meu filho", conta o pai.
Aos poucos, Fabiano foi aprendendo a como lidar com a
deficiência de Pietro. Na creche, recomendaram que o pai buscasse ajuda da
Fundação Dorina Nowill para Cegos, o que Fabiano fez imediatamente. Desde então,
Pietro participa semanalmente de atividades de psicomotricidade na Fundação, para
que seu desenvolvimento integral seja devidamente estimulado.
Hoje, Fabiano conseguiu reconstruir sua vida, casou-se
de novo e conta sempre com a ajuda indispensável da própria mãe, a avó coruja
de Pietro. Apesar de o chefe não gostar muito, Fabiano, que trabalha de domingo
a domingo, tenta sempre tirar folga às quartas-feiras para trazer o filho para
a Fundação. "Se é importante para
ele, estaremos aqui sempre", declara.
Sobre o futuro de Pietro, Fabiano assume uma postura
absolutamente tranquila, típica de quem já aprendeu com a vida que, diferentemente
das estórias, as histórias somos não somos nós quem criamos, mas podemos ser,
sim, aqueles que conduzem seu curso."Ele é uma criança muito tranquila,
que se adapta a tudo. E tudo o que eu quero é que ele seja um adulto
independente e feliz. E aqui na Dorina ele
já está aprendendo a como conseguir isso."