Fundação Dorina Nowill para Cegos
História de Geovanna
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Aos poucos, Geovanna foi reagindo, ganhando peso até
que pôde ir para casa. A mãe, que até então nunca havia segurado a filha, diz
que a primeira coisa que Geovanna quis ao ser embalada por ela foi dar sua
primeira mamada. "Meu leite não secou e eu pude amamentá-la durante muito
tempo ainda".
Tudo ia muito bem, até que, aos quatro meses de vida,
Eliana percebeu que os olhinhos da filha não estavam acompanhando os estímulos
visuais. "Eu fazia as mesas coisas com meu sobrinhos e vi que eles
acompanhavam as minhas mãos. Mas com a Geovanna era diferente. Ela não seguia
meus movimentos e isso foi me preocupando muito. Além disso, a cor dos olhos [íris]
era bem clarinha, muito mais do que o normal", explica.
A mãe levou Geovanna para fazer todos os exames
solicitados e, finalmente, o médico concluiu depois de examinar o ultrassom:
"Ela está com um deslocamento irreversível nas retinas dos dois olhos. Não
tem mais jeito, mãe, ela nunca mais vai voltar a enxergar."
"Eu fiquei desesperada. Não queria acreditar
naquilo. Comecei a procurar outros médicos, mas todos confirmaram o
diagnostico. "Entrei em pânico. Não parava mais de chorar. Eu estava revoltada.
Minha única filha era cega! Eu não conseguia
aceitar isso."
Apesar da deficiência na visão, o desenvolvimento da
filha transcorreu normalmente. A mãe conta que a menina começou a falar e a
engatinhar na idade certa. "Quando ela andou pela primeira vez, levei um
susto! Eu estava na cozinha quando a Geovanna apareceu na porta e disse: 'Mamãe,
cheguei." Eu chorei demais. Abracei
forte a minha filha e nesse dia vi que Deus estava com ela."
Aos poucos, a mãe precisou ir se acostumando à
realidade da filha e, regularmente, leva Geovanna às consultas do posto de
saúde. E oi numa dessas consultas que uma médica recomendou que ela
encaminhasse a filha até a Fundação Dorina Nowill para Cegos para que a criança
pudesse receber o acompanhamento adequado e as orientações necessárias para seu
desenvolvimento integral.
"Quando eu cheguei aqui na Fundação, um mundo
novo apareceu para mim e para a minha filha. Enquanto a Geovanna ia para a
fisioterapia, eu ia para a psicóloga. Eu falava muito sobre a minha revolta,
meu sofrimento. Quando me perguntavam se minha filha era cega, eu xingava,
ficava nervosa, me descontrolava. Pensava revoltada: ninguém da minha família
tem esse problema. Minha avó tem 100 anos e enxerga perfeitamente! Eu só tenho
uma filha e justamente essa filha é cega? Mas aos poucos fui me controlando. A
psicóloga da Dorina foi me ajudando e, na
verdade, eu só melhorei mesmo depois que vim para cá", desabafa a mãe.
Hoje, aos seis anos, Geovanna é uma criança
carismática, falante e muito esperta. Mas, apesar de extrovertida, a menina conta
que é comum enfrentar problemas na escola: "Às vezes, os meninos não tem
muita paciência comigo. Quando eu vou sem querer para a mesa errada, alguns
colegas ficam bravos e gritam comigo: "Aqui não é a sua mesa, sua cega!"
Mas Geovanna enfrenta as dificuldades com muita
determinação. Uma determinação impressionante para uma criança da sua idade.
Ela vai diariamente à escola, onde recebe materiais em braile feitos especialmente
pela escola. Uma vez por semana vem com a mãe até a Fundação Dorina, onde já
treina a bengala, aprende a formar palavras e a usar a máquina braile.
"Quero ser advogada ou cabeleireira", diz Geovanna. Depois pensa um
pouco e completa: "Acho que prefiro ser advogada, porque quero prender todas
as pessoas más do mundo." Em seguida, Geovanna continua pensativa e
pergunta: "Posso falar outro sonho que eu tenho? Quero ter um cão guia bem
lindo!"
Apesar de todas as dificuldades, que Eliana enfrentou
e enfrenta sozinha, sem a ajuda do marido, ao ver Geovanna crescer, se
desenvolver e se tornar uma criança extremamente inteligente e ativa, ela começou
a entender que deveria buscar na própria criança a força que ela não tinha, mas
precisava para conseguir enfrentar a própria vida. "Antes de eu tinha
muito medo. Achava que nada ia dar certo, que eu não ia conseguir enfrentar
isso. Hoje eu só sonho coisa boa, principalmente para ela. Sonho em vê-la um
dia na faculdade e sei que ela vai conseguir.Às vezes a gente acha que não vai
superar uma coisa, mas supera, sim. Por amor e por fé a gente supera."
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