domingo, 1 de maio de 2016

A história de Arthur



Val teve uma gravidez absolutamente normal, mas durante o parto de Arthur ela levou um susto: o filho estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, o que prejudicou a circulação sanguínea do bebê. Arthur foi transferido imediatamente de Itapecerica da Serra, onde mora a família, para um hospital mais bem aparelhado em Taboão da Serra.  
Passado o sobressalto, a médica veio conversar com Val: “Mãe, seu filho é albino e isso pode significar que a visão dele esteja comprometida. Vamos ter que esperar para avaliar melhor.”

Arthur nem havia completado um ano e Val começou a perceber um tremor intermitente nos olhinhos dele. Mas como o menino estava com aspecto saudável, não se preocuparam. Poucos dias depois, graças a um “providencial” acidente com um guarda-chuvas que acabou por ferir os olhos de Arthur, mãe e pai correram com o filho para o pronto socorro. “Foi a nossa sorte”, desabafa a mãe.Na consulta de emergência, os médicos pediram muitos exames. Com os resultados em mãos, o neurologista pediu aos pais que procurassem com urgência um oftalmologista.

Depois de mais alguns exames, a especialista que o atendeu diagnosticou baixa visão no bebê e disse que os tremores nos olhos eram resultado de nistagmo*. Mas foi bem direta com os pais: “Ele vai precisar usar óculos com graus altíssimos a partir de agora, mas se ele for bem cuidado, terá uma vida normal”.
 
Apesar das palavras animadoras da médica, Val ficou desorientada. “Deficiência é uma palavra forte demais! Acontecer com a gente, vá lá, mas com um filho?? Meu Deus, o que eu vou fazer??"

João Victor, o pai, também entrou em desespero, mas precisou ser forte para amparar a esposa.  

Alguns meses depois, Val ouviu falar sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos e decidiu entrar em contato para que o filho pudesse ser atendido o quanto antes. Em pouco tempo, Arthur já estava sendo atendido pela fisioterapeuta ocular e pela psicopedagoga da Fundação. Já os pais, passaram primeiramente pela psicóloga e depois pela assistente social. "Esse apoio foi crucial para nós naquele momento", relata João.

“Conhecer a Fundação Dorina foi a melhor coisa das nossas vidas!”, emociona-se Val. “Eles nos orientam em tudo, até sobre as mínimas questões do dia a dia. A maneira como somos tratados lá, desde a recepção até os especialistas, é maravilhosa. Recebemos carinho e respeito de todos!" Se não fosse a generosidade das pessoas que contribuem para a Fundação, Val acredita que seu filho não estaria tão feliz. "Não teríamos como pagar pela estrutura que a Dorina nos oferece.”

Hoje, aos sete anos, Arthur está no 2º ano de uma escola pública de Itapecerica. O menino tem uma vivacidade fora do comum e, segundo a mãe, chega a ser hiperativo. Ele brinca, conversa, estuda, assiste TV e se diverte o dia todo. Na companhia do pai, pratica capoeira e toca berimbau e pandeiro muito bem.  Mas o grande sonho dele é ser cantor.

“Quando chegamos na Fundação, ouvimos da médica: ‘O Arthur vai ter uma vida normal. Ele só não vai poder ser piloto de avião, pois pilotos precisam ter 100% da visão. Fora isso, ele vai poder ser o que quiser’. Hoje, passado algum tempo que ele vem recebendo atendimento aqui, olho para o Arthur tão saudável, inteligente, ativo e tenho certeza disso: graças à Fundação Dorina o Arthur é hoje uma criança feliz e vai mesmo poder ser tudo aquilo que quiser!”, comemora Val.


 * Oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias de um ou ambos os olhos conjugadamente, nos sentidos horizontal, vertical ou rotatório, que podem dificultar muito a focalização das imagens. Uma das causas para o nistagmo é o albinismo.



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